A importância do seguro de vida no planejamento financeiro

A indústria de seguros no mundo desenvolvido é muito grande, pois seu pilar é o desenvolvimento econômico do país. Há muitos anos, logo após a depressão de 1929 ocorrida nos EUA, o governo americano incentivou a indústria de seguros de vida, de modo que ela é hoje a maior do mundo e representa 9,5% do PIB americano. Com essa atitude, o governo americano injetou indiretamente dinheiro na economia e aliviou seu custo, ou seja, na ausência do provedor da família, o seguro contratado cobre a perda financeira do lar afetado, que precisaria de ajuda de parentes, amigos ou do próprio governo para sobreviver se não tivesse seguro. A Prudential do Brasil em parceria com o Ibope, fez em 2019 um diagnóstico do perfil das pessoas que contratam o seguro de vida. Um dado que chamou atenção foi que apenas 15% dos entrevistados tinham algum tipo de seguro de vida.  

Se o provedor da família possuir um seguro de vida e falecer, a família continuará tendo o sustento e poderá arcar com os custos educacionais dos filhos. Independentemente das contribuições feitas, o seguro tem por objetivo imediato, garantir uma renda de manutenção do padrão de vida, viabilizar a educação dos filhos, liquidar as dívidas que recaiam sobre os dependentes e prover recursos para inventário e despesas decorrentes do falecimento do provedor. 

O seguro também efetua uma blindagem do patrimônio pessoal, ou seja, o capital não pode ser bloqueado para uso de ações na justiça. Ele não entra no inventário, e a livre escolha de beneficiários é assegurada por lei, o que o torna uma excelente ferramenta no planejamento sucessório familiar, tanto do ponto de vista de transferência de herança quanto dos custos inerentes ao processo de inventário, uma vez que é de liquidez imediata. O seguro de vida é essencial no planejamento das finanças pessoais da família, garantindo a realização do planejado até a aposentadoria, mesmo que ocorra o falecimento de um dos dois provedores. 

Felizmente, os brasileiros estão aos poucos mudando de ideia, e a indústria de seguros de vida no Brasil tem crescido acima de 10% nos últimos anos por conta de maior conscientização, bem como pela oferta de produtos de maior qualidade. Hoje, há no Brasil seguradoras que garantem valores elevados, na casa dos R$ 30 milhões, tanto para os seguros temporários quanto para os seguros de vida inteira resgatável, que têm também uma capitalização interessante, o que, na prática, os torna um produto dois em um. 

Outra característica desses seguros é o chamado prêmio nivelado, que não aumenta em função da idade, apenas sofre a correção da inflação, tornando-o um produto muito interessante para jovens casais, pois seu custo de aquisição é atrelado à idade e saúde do segurado, ou seja, quanto mais jovem e sadio, menor o custo de aquisição. 

O valor do seguro é determinado mediante uma análise personalizada para cada pessoa e há diferentes formas de estimar a necessidade de seguro, tanto em valor quanto em prazo de vigência. Para exemplificar, vamos levantar a necessidade de seguro de um jovem casal, ambos trabalhando e com dois filhos no ensino fundamental em escola particular, com um tempo previsto de auxílio para educação de quinze anos.

Nesse exemplo, levantou-se a necessidade de seguro de vida para Maria e João no período de quinze anos para garantir a educação dos filhos e uma renda complementar, caso um dos cônjuges faleça. Não foram abatidos custos que deixam de existir na morte de um deles. Após os quinze anos, levantou-se a necessidade financeira de cobrir os custos de inventário, considerando-se o custo de 12% sobre o valor total do inventário, que contempla impostos, taxas e custos advocatícios. Vale ressaltar, que esses custos mudam de Estado para Estado, estando em curso a alteração desses valores no Congresso. 

Para atender às necessidades de proteção, é possível fazer diferentes configurações de seguro de vida, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Uma solução seria contratar um seguro temporário por quinze anos para João e Maria no valor estimado de R$ 1.143.000,00 e R$ 857.000,00, respectivamente, mais um seguro de vida inteira de R$ 78.000,00 e R$ 77.000,00, respectivamente, para cobrir os custos de inventário por eterno. A vantagem dessa solução é que o seguro temporário, por não ter capitalização, geralmente apresenta custo mais baixo que o de vida inteira. A desvantagem é que o seguro temporário se encerra exatamente após o prazo contratado; se a pessoa porventura tiver algum problema de saúde e quiser permanecer segurada, não poderá e também não terá uma poupança. 

Outra solução é fazer um seguro de vida inteira resgatável dentro da necessidade para os quinze anos e para o inventário e permanecer nele ou resgatar o valor acumulado para usufruir no período da aposentadoria. A grande vantagem dessa solução é que o seguro de vida inteira não tem prazo, ou seja, caso João ou Maria, após esse período de quinze anos, não gozem de boa saúde, podem continuar segurados por toda a vida e incluir a apólice em seu planejamento sucessório. Sua desvantagem é o custo maior, mesmo tendo prêmios nivelados, que não alteram de valor em função da idade, apenas são corrigidos pelo índice da inflação. É importante destacar que no seguro de vida inteira resgatável, parte do prêmio pago vai para uma poupança, que tem correção de inflação e pagamentos de juros.

Para reflexão:

Todos nós vamos morrer um dia, isso não se pode contestar. E se nada levamos de bens físicos, que ficam como herança para os entes queridos, por que não incluir um seguro de vida inteira, que tem liquidez imediata e não sofre tributação? Essa linha de pensamento abre novos horizontes para o uso das riquezas imobilizadas, pois é possível se desfazer de parte delas, uma vez que temos um seguro de vida inteira de igual ou maior valor do capital imobilizado. Por exemplo, vender um apartamento e usar esse dinheiro para aproveitar a vida, sem peso na consciência nem o olhar de reprovação dos filhos por estar usufruindo da herança deles, pois vão receber esse valor do seguro. Se ambos os cônjuges têm um seguro, dificilmente os dois morrerão no mesmo dia, e quem morrer antes deixará dinheiro suficiente do seguro para quem fica. Com esse planejamento, eles podem usufruir do dinheiro, gastar mais em vida juntos, já que esse dinheiro será restituído por meio do seguro assim que um deles falecer. 

David Urbat

Extraído do livro de minha autoria “90 Dias para Acertar as Finanças e Decolar”