Estratégia de geração de riquezas

Há inúmeras formas de gerar riquezas. Por exemplo, ter uma boa ideia e transformá-la em negócio lucrativo pode tornar a pessoa milionária em poucos anos. O objetivo aqui é traçar um plano baseado em uma estratégia fundamentada em pessoas comuns, assalariadas. O dinheiro, como gerador de riquezas, não deve ficar parado, precisa estar em circulação. Imagine se todos os detentores de dinheiro o guardassem num cofre? A economia pararia, travaria tudo. Por isso, precisamos sempre ver o dinheiro como um gerador de riquezas. Quando não gastamos todo o salário ou a renda recebida no mês, o dinheiro que sobrou deve ser colocado em circulação, via investimento no mercado financeiro ou em outro negócio. O importante é que ele gere riquezas. Gosto de associar o dinheiro que invisto como um bem que se aluga para alguém e por isso serei remunerado mensalmente; quando eu preciso do dinheiro, pego-o de volta. Muitos têm esse raciocínio com imóveis, mas é o mesmo quando se investe no mercado financeiro.

A Teoria dos Barris

A função do barril é armazenar algo para uso em determinado momento. Na antiguidade, armazenava-se azeite como uma forma de poupança com boa liquidez. Vamos criar uma metáfora com quatro barris, que devem ser preenchidos no ciclo da vida de forma a prosperarmos e mantermos uma saúde financeira até o fim da vida. 

A cada mês, o trabalho é transformado em dinheiro e dado como recompensa ao trabalhador. Esse dinheiro (azeite) vai preencher, sucessivamente, os barris em uma ordem de importância.

Viver bem – O primeiro barril é “viver bem”, ou seja, visa a pagar os gastos básicos para a vida. Entram gastos com moradia, alimentação, vestuário, transporte, luz, água, gás, comunicação, saúde, seguros, manutenção da casa e do carro, impostos, educação, doações, compromissos financeiros assumidos, diversão, hobbies e lazer. A sabedoria é equilibrar os gastos com a qualidade de vida, sem gastar todo o dinheiro recebido, pois seu objetivo é ter saúde financeira ao longo da vida. Fazer valer cada centavo, ter uma vida simples, mas de qualidade, ou seja, usufruir do lazer e da diversão de forma econômica, principalmente no início de sua carreira profissional, em que o salário é menor e é seu único ativo. Quanto mais conseguir poupar dinheiro, mais rápido estará em condições de investir no segundo barril. É preciso resistir à tentação de comprometer-se com financiamento de bens duráveis maiores, pois a matemática financeira passará a trabalhar a favor dos credores e não de você.

Reserva emergencial – O segundo barril é o da “reserva emergencial”, que tem seu valor estipulado em uma reserva financeira de modo a cobrir os gastos atuais de viver por um ano e deve ser investido no mercado financeiro em produtos de alta liquidez. Estaremos abordando as alternativas de investimento mais adiante. Essa reserva financeira emergencial visa a suprir algo inesperado, como crise de saúde provocada pelo covid-19 e suas consequências econômicas, doenças, acidentes, desemprego etc. Ela proporciona um bem-estar até implícito, pois o nosso subconsciente trabalha sem o estresse de estar em uma situação caótica, sem recursos a qualquer momento. Ela também evita perdas financeiras, seja por precisar pegar dinheiro emprestado a juros ou mesmo vender um bem de forma rápida, cujo valor geralmente é mais baixo do que se obteria se vendesse com tempo. Uma vez abastecido esse barril, pode-se passar para os seguintes. 

Aquisições – O terceiro barril é o da “aquisição de bens duráveis e eventos”, que visa a acumular dinheiro para comprar à vista com bons descontos, para dar entrada em um imóvel ou terreno ou mesmo para viajar em família, para o estudo dos filhos na faculdade ou cursos no exterior. Esse barril só deve ser enchido depois que o segundo barril estiver cheio. Os investimentos aqui visam a um maior retorno, por isso, geralmente, são aplicações financeiras de médio prazo, ou seja, não terão uma liquidez tão grande quanto o dinheiro investido no segundo barril. Vamos tratar das opções de investimentos mais adiante. 

Há um pensamento disseminado de que somente é possível comprar um bem durável de forma financiada, caso contrário, todo o dinheiro é gasto no dia a dia. É uma meia-verdade que favorece muito os locadores de dinheiro, pois toda vez que se financia algum bem, paga-se aluguel do dinheiro por meio de juros. Ora, se há uma forma mais inteligente de fazer aquisições, ou seja, eu invisto, recebo juros e depois adquiro o bem desejado, por que não a praticar? Se não o faço, é porque não tenho o hábito de poupar e investir; o custo da falta desse hábito é geralmente alto. Como profissional da área de finanças pessoais, eu atuo como educador financeiro e também assessoro clientes em seus investimentos; estes têm uma boa reserva financeira e não têm dívida, e isso se deve muito ao hábito de gerar primeiro o ativo, ou seja, ter dinheiro para então gerar um passivo, aquisição de bens duráveis ou mesmo gastos com entretenimento, como viagem com a família ao exterior etc. Eu, pessoalmente, tenho como estratégia não financiar a aquisição de carro, moradia, viagens etc. Quando muito, parcelo, por um período curto, a aquisição desses bens. Basta tomar o firme propósito de ser inteligente no uso do dinheiro para que isso se torne uma realidade na sua vida. 

Vida abundante – O quarto barril é o da “vida abundante”, ou seja, visa garantir a realização de sonhos e ter as necessidades financeiras supridas até o fim da vida. Aqui se trata de investimento contínuo e em longo prazo. O investimento ocorre em paralelo ao barril da aquisição, claro que numa proporção diferente, uma vez que visa ao usufruto dessas riquezas em longo prazo. No início, a maior parte dos recursos vai para o barril da aquisição, mas à medida que os bens são pagos, começa-se a investir mais no barril da abundância, que irá proporcionar a realização de sonhos ou mesmo certos luxos que não eram possíveis enquanto se construía o patrimônio. 

A ideia de todo o planejamento financeiro é proporcionar uma vida rica no sentido mais amplo; não é simplesmente acumular para ter no futuro, e sim ter dinheiro para viver bem toda a vida. Muitos acumulam fortunas e não usufruem nada em vida; outros nunca acumulam e passam a vida pagando juros para outros e vivem eternamente pobres. O equilíbrio, que chamo de saúde financeira, é não ser escravo das dívidas, nem da avareza de reter demais, mas sim ter uma vida abundante e equilibrada, em que os sonhos de realizar projetos próprios, de envolver-se na filantropia, de realizar viagens etc., se tornam algo real e enriquecedor no decorrer da vida.

David Urbat

Extraído do livro de minha autoria “90 Dias para Acertar as Finanças e Decolar”